quinta-feira, novembro 21, 2024
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    Som da Liberdade: O Filme que Desatou uma Trama de Controvérsias, da Ação Heróica à Reviravolta

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    Já era de conhecimento geral que blockbusters como Oppenheimer, Barbie, Indiana Jones e Missão: Impossível dominariam as bilheterias norte-americanas neste verão. Contudo, o que ninguém, nem mesmo os mais astutos prognosticadores, poderiam prever é que um filme de temática cristã, inicialmente subestimado pela Disney, se destacaria robustamente ao lado das grandes produções do ano no topo das paradas. Estamos nos referindo a ‘Som da Liberdade’.

    Este thriller, baseado em uma história real sobre tráfico humano, tem capturado a atenção do público americano e da imprensa, mas não apenas pelos impressionantes números de bilheteria. No meio do sucesso inesperado, surgiram diversas controvérsias envolvendo a autenticidade da trama, os números potencialmente inflados nas bilheterias e os principais defensores do filme. A seguir, exploraremos por que ‘Som da Liberdade’ tem gerado tanto debate e discussão.

    O QUE É SOUND OF FREEDOM?

    Escrito e dirigido por Alejandro Monteverde (conhecido por Little Boy e Bella), ‘Som da Liberdade’ narra a história verídica de Tim Ballard, um ex-agente especial do Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, também conhecido como Homeland (termo que também é o título de uma série estrelada por Claire Danes). Ballard abandona sua posição oficial para se dedicar a “fazer justiça com as próprias mãos” e lutar contra o tráfico humano.

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    Interpretado por Jim Caviezel (famoso por seu papel em A Paixão de Cristo), o filme acompanha Ballard em uma de suas missões na América Latina, onde ele se arrisca para resgatar crianças das garras de cartéis e traficantes perigosos.

    A jornada do filme até os cinemas não foi tranquila. Filmado em 2018, o projeto permaneceu na gaveta por cinco anos antes de finalmente ver a luz do dia. Inicialmente financiado por um grupo mexicano, o plano era que o filme fosse distribuído pela subsidiária latino-americana da 20th Century Fox. No entanto, quando a Disney adquiriu o estúdio, decidiu engavetar o projeto que já estava pronto.

    Contudo, um dos produtores do filme, Eduardo Verástegui (que também tem um papel na produção), conseguiu recuperar os direitos do filme e o ofereceu à Angel Studios, uma pequena distribuidora especializada em produções cristãs, como The Chosen, que prontamente aceitou o projeto.

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    ENTÃO ISSO SIGNIFICA QUE SOUND OF FREEDOM É BASEADO EM FATOS?

    Bem, este é, na verdade, o ponto inicial da intricada rede de polêmicas que envolve a produção. O filme, de fato, tem como figura central Tim Ballard, um ex-agente da Homeland que fundou a Operation Underground Railroad (OUR), uma organização sem fins lucrativos voltada ao combate ao tráfico sexual, com existência comprovada.

    No entanto, ao longo dos anos, Ballard e a própria OUR foram alvo de contestações relacionadas aos seus relatos. Uma investigação realizada pela VICE News, em 2020, destacou a dificuldade em validar as ações da entidade, frequentemente descritas como “heroicas e excitantes”, como apontou o artigo.

    “Ballard afirmou repetidas vezes que a OUR desempenhou um papel central em um significativo caso de combate ao tráfico humano no estado de Nova York e insinuou ter auxiliado no resgate de uma vítima desse caso. No entanto, de acordo com transcrições judiciais e outros registros analisados pela VICE World News, a vítima conseguiu escapar corajosamente do seu traficante por conta própria”, detalhou a reportagem.

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    O enredo do filme, que envolve o sequestro de dois irmãos atraídos para uma sessão de fotos em Honduras e subsequentemente raptados, carece de fundamentos na realidade, embora os créditos iniciais do filme afirmem o contrário. Conforme revelado por jornalistas investigativos do American Crime Journal (via The Independent), Ballard teria exagerado detalhes sobre a história retratada nas telonas.

    Em uma entrevista ao canal The Victory Channel, Ballard se defendeu: “Algumas coisas são definitivamente exageradas. [Jim Caviezel] me faz parecer muito mais legal do que sou, por exemplo.” Ele prosseguiu: “Mas algumas coisas foram subnotificadas, como o fato de não termos resgatado 54 crianças na operação na ilha [retratada no filme].”

    Vale ressaltar que, após o enorme sucesso do filme, Ballard deixou a OUR, conforme relatado pela Vice. Segundo a própria organização, a saída ocorreu antes do lançamento do filme. No entanto, novas informações sobre a saída de Ballard foram divulgadas recentemente.

    De acordo com uma reportagem adicional também publicada pela Vice, sete mulheres acusam o ex-CEO de comportamento inadequado com colegas de trabalho em missões. As acusações incluem coerção.

    Os relatos indicam que Ballard teria insistido para que colegas dormissem e se banhassem com ele para manter as aparências em missões, alegando que isso seria necessário para enganar traficantes. Ele também teria enviado fotos nuas para uma acusadora e questionado outra sobre “quão longe ela iria” para salvar crianças.

    Em um comunicado à publicação, a organização confirmou que Ballard “renunciou à O.U.R. em 22 de junho de 2023” e que “ele se separou permanentemente da O.U.R.”

    O grupo afirmou ter “contratado um escritório de advocacia independente para conduzir uma investigação abrangente de todas as alegações relevantes”, mas se recusou a fazer mais comentários “para preservar a integridade de sua investigação e proteger a privacidade de todas as pessoas envolvidas.”

    Apesar de Ballard aparentemente ter inspirado o filme, sua conexão exata com ‘Som da Liberdade’ permanece nebulosa, uma vez que não é mencionado como roteirista ou produtor. No entanto, Ballard esteve presente em eventos no tapete vermelho do filme no final de junho e agosto.

    O enredo complexo e controverso, no entanto, está longe de chegar ao seu desfecho.

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    Jonathan Souza
    Jonathan Souza
    Engenheiro de Banco de Dados com Formação em Bacharelado em Ciências da Computação pela Universidade de Guarulhos atuante no mercado a mais de 10 anos. Além de trabalhar com sonoplasta no mercado de trabalho e igrejas, técnico de som por formação e escritor voluntário. Apesar de formado na área de exatas, se aventurou com as palavras entrando para o time de colunistas da Visão em Cristo.
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