Sabe aquela sensação de que às vezes a gente gasta mais energia discutindo quem está certo do que realmente vivendo o Evangelho? Parece comum entre nós, né? Mas será que é isso o que Deus espera de nós?
O apóstolo Paulo, em Filipenses 3, nos dá uma lição incrível sobre foco e o que realmente importa no Reino de Deus. Ele mesmo começa contando um pouco sobre seu passado, citando, nos versículos 5 a 7, como ele tinha todos os motivos, humanamente falando, para se gabar. Ele foi “circuncidado ao oitavo dia”, era da tribo de Benjamim, “hebreu de hebreus” e, como se não bastasse, um fariseu zeloso. Só que o que Paulo quer dizer com isso é que ele tinha tudo para se sentir especial… mas não se apoiou nisso. Ele diz que considerou tudo isso como “perda” por causa de Cristo.
E quantas vezes na igreja a gente se pega discutindo sobre coisas que, na verdade, não têm valor eterno? Por exemplo, tem quem gaste horas discutindo se o batismo tem que ser na água corrente ou se pode ser em qualquer lugar. Outros vão longe para defender que o louvor precisa ser só com hinos antigos, porque são mais “puros”, ou então brigam por detalhes das vestimentas, rituais ou modos de adoração. Isso só gera divisão e, muitas vezes, deixa o amor de lado. Paulo, com toda a sua sabedoria, nos mostra que todas essas coisas, comparadas ao Reino, são pequenas e não levam a lugar nenhum.
Qual é o seu alvo?
Paulo, nos versículos 13 e 14, nos convida a deixar para trás o que não importa e a focar no alvo certo: “prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. Aqui ele está nos dizendo que, se a nossa vida tem um propósito maior, por que vamos nos desgastar com coisas que não têm relevância no céu? É como se ele dissesse: “Olha, pessoal, temos um propósito grandioso! Vamos focar no que realmente importa.”
Será que o foco nas brigas e debates está nos fazendo melhores para o Reino? É aí que precisamos parar e refletir: a nossa meta é ganhar a discussão ou ganhar almas para Cristo? E essa é uma pergunta séria, porque, às vezes, essas pequenas contendas só afastam as pessoas. Já pensou quantas pessoas talvez tenham se afastado da igreja por verem discussões que não levam a nada? O mundo está cheio de argumentos e disputas; nossa missão é trazer paz e unidade.
Como colocar em prática
O que a Bíblia nos ensina é algo radicalmente diferente. Queremos ter relevância no Reino? Então vamos fazer o que Paulo diz: “prossigamos para o alvo”. Em vez de perder tempo com brigas, vamos nos perguntar: O que posso fazer hoje para que o Reino de Deus avance? Como posso ser útil para os outros? Como posso demonstrar o amor de Cristo, mesmo na diferença?
Isso não significa que não devemos ter convicções ou que não podemos discordar. Claro que podemos ter nossas opiniões e defender o que acreditamos ser correto. Mas será que isso deve ser feito a qualquer custo?
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Imagine uma igreja onde todos estão focados em crescer no amor e no conhecimento de Cristo. Onde, em vez de debatermos sobre qual música é a mais correta, estamos de mãos dadas, ajudando uns aos outros a serem mais parecidos com Jesus. Onde os diálogos que temos edificam e não destroem.
Esse tipo de exemplo nos ajuda a entender melhor o que significa ser útil para o Reino. Na minha jornada cristã, também tive muitos sonhos e aspirações. Eu queria ser pregador e pensava que essa era a única forma de contribuir de forma significativa. Mas, conforme fui me envolvendo nas atividades da igreja, percebi que o Reino é muito mais amplo do que um púlpito. A questão não era apenas onde eu queria estar, mas como eu podia servir.
Ao longo do tempo, aprendi que sempre temos uma opinião sobre o que os outros ministérios, departamentos ou grupos da igreja poderiam fazer de forma diferente. A gente pensa que poderia ser feito “melhor” ou “de outro jeito”. Só que, em vez de ficar observando e comentando, percebi que minha responsabilidade era outra. E talvez a sua também seja.
Essa lição começou lá na minha adolescência: ao invés de só pensar no que eu, no lugar do meu irmão, faria melhor, eu comecei a olhar ao redor e a me perguntar: o que a igreja realmente precisa?. Com isso em mente, comecei a refletir sobre minhas próprias habilidades e sobre o que eu estava disposto a fazer de coração, para Deus, independentemente de reconhecimento ou ajuda. Essa disposição de fazer para Deus e não para homens foi o que me manteve firme.
Foi com esse pensamento que decidi em que áreas eu poderia me posicionar para ser útil ao Reino. E, acredite, essa disposição me levou a caminhos que eu nunca imaginei! Me especializei em sonoplastia, assumi a liderança de jovens, participei do Ministério de Louvor, e até mesmo fui líder de um grupo de varões, composto por homens mais velhos que eu. Hoje, tenho me aventurado na escrita de artigos, algo que eu jamais imaginaria, mesmo sem ter formação específica para isso.
Essa jornada me ensinou que, quando a gente para de se preocupar tanto com o que os outros estão fazendo e começa a servir onde realmente somos necessários, somos transformados e, muitas vezes, transformamos o ambiente ao nosso redor. No fim das contas, ser útil para o Reino é mais do que sonhar; é agir, contribuir e fazer aquilo que Deus colocou em nosso coração, sabendo que fazemos tudo para Ele e por Ele.
Eu amo ministrar a Palavra e compartilho isso com meus pastores presidentes, deixando claro que sempre estou pronto para pregar. Mas hoje entendo que esse desejo não é apenas sobre mim e meu chamado, mas sobre o que o Reino precisa. E se o Reino precisa de alguém para ajudar em outras áreas, então esse alguém sou eu. Cada experiência que tive – desde a sonoplastia até a liderança e, agora, a escrita – tem me mostrado que o importante é estar pronto e disposto a servir, independente do papel. Afinal, o que fazemos é para a glória de Deus e, se Ele for exaltado, nossa missão estará cumprida.
Acredito que essa reflexão seja algo que Paulo, ao dizer que “prossigo para o alvo” (Fp 3:14), gostaria que cada um de nós considerasse. Afinal, é um caminho em direção a Cristo que transforma o nosso propósito e nos faz crescer, de verdade, no Reino.
O que é mais valioso?
Paulo não diz que nosso passado ou nossas tradições são sem valor. O que ele diz é que, comparado ao alvo em Cristo, todo o resto perde o brilho. Ele trocou toda a sua “ficha” de fariseu e de israelita fiel pelo prêmio eterno. Isso nos lembra que, quando colocamos Cristo como centro, tudo o que antes parecia importante se torna pequeno.
Então, que tal a gente repensar nossas prioridades? Menos debates e mais propósito, menos discussões e mais comunhão. Vamos seguir o exemplo de Paulo e escolher o que realmente importa. Que a nossa meta seja o prêmio da soberana vocação e que possamos viver, aqui e agora, como verdadeiros representantes do Reino.
Bom, Cho tudo muito bonito no papel mas na hora da verdade não rola