A vida cristã é fundamentada no exemplo de Cristo. Segui-lo não significa apenas crer Nele, mas viver como Ele viveu, refletindo Seu caráter em nossas ações diárias. E um dos momentos mais marcantes da vida de Jesus, que exemplifica essa entrega total, foi Sua oração no Monte das Oliveiras.
Naquela noite, pouco antes de ser preso, Jesus se afastou para orar e fez um clamor sincero ao Pai:
“Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua” .
(Lucas 22:42)
Esse é, para mim, o maior exemplo de renúncia que Cristo nos deixou. Jesus, mesmo sendo o Filho de Deus, se submeteu completamente ao plano do Pai, mostrando que a verdadeira obediência exige entrega total.
Essa cena se encaixa perfeitamente no que Ele mesmo disse anteriormente:
“Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”
(Mateus 16:24).
Mas será que temos vivido dessa forma? Será que temos negado a nós mesmos para seguir a Cristo ou apenas buscamos um evangelho que se encaixe em nossos desejos e conforto?
A Agonia de Cristo: Ele Escolheu Sofrer
Quando lemos sobre a oração de Jesus no Getsêmani, percebemos que Ele enfrentou uma angústia profunda. O evangelista Lucas descreve que Ele chegou a suar gotas de sangue:
“E, estando em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre a terra”
(Lucas 22:44).
Essa condição é conhecida como hematidrose, um fenômeno raro causado por extremo estresse emocional. Isso significa que Jesus não apenas sabia intelectualmente o que ia acontecer, mas sentiu o peso da cruz antes mesmo de ser preso.
Ele não estava com medo apenas da dor física, mas principalmente do peso do pecado da humanidade que cairia sobre Ele. Como Paulo descreve:
“Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus”
(2 Coríntios 5:21).
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Jesus, que nunca pecou, estava prestes a carregar sobre Si toda a culpa da humanidade. E mesmo diante desse sofrimento, Ele obedeceu. Isso me faz lembrar outra passagem poderosa:
“Ele, existindo em forma de Deus, não considerou o ser igual a Deus algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, assumindo a forma de servo e tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado na forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz”
(Filipenses 2:6-8).
Jesus não usou Seu poder divino para escapar do sofrimento. Ele decidiu passar por tudo como um homem comum, confiando plenamente no Pai.
Estamos Dispostos a Renunciar?
Quando olhamos para esse nível de entrega de Cristo, precisamos refletir: será que estamos realmente dispostos a viver um evangelho de renúncia?
Nos dias de hoje, muitas pessoas acreditam que seguir a Cristo significa apenas “aceitá-lo” e desfrutar das bênçãos. Mas a Bíblia ensina que o discipulado exige sacrifício. Paulo nos exorta claramente:
“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”
(Romanos 12:1).
Ser um sacrifício vivo parece contraditório, mas significa que, a partir do momento em que decidimos seguir a Cristo, precisamos negar nossas vontades, desejos e até ambições para agradar a Deus.
Isso implica fazer escolhas diárias que nem sempre são fáceis:
- Orar, mesmo sem vontade.
- Ler a Bíblia, mesmo quando estamos cansados.
- Perdoar quem nos feriu, mesmo quando sentimos raiva.
- Ser honestos, mesmo quando a cultura ao nosso redor incentiva a corrupção.
- Servir ao próximo, mesmo quando isso exige sacrifício.
Nosso mundo valoriza a autopreservação, o conforto e o “jeitinho brasileiro” de levar vantagem. Mas o evangelho nos chama para algo diferente: uma vida de entrega e obediência. Como Jesus nos advertiu:
“Larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; mas estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram”
(Mateus 7:13-14).
A Ceia do Senhor e a Nossa Resposta
Nesta semana, ao nos prepararmos para celebrar a Ceia do Senhor, essa deve ser a nossa reflexão. A Ceia não é apenas um memorial, mas um momento de autoexame. Como Paulo escreveu:
“Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice” .
(1 Coríntios 11:28)
Que ao participar da Ceia, possamos refletir:
- Estou realmente disposto a negar minha vontade para seguir a Cristo?
- Minha vida reflete a renúncia que Jesus teve no Getsêmani?
- Tenho obedecido a Deus, mesmo quando isso exige sacrifício?
Cristo renunciou Sua própria vontade para fazer a vontade do Pai. Que possamos seguir esse exemplo, não apenas de palavras, mas com nossas vidas.