A cada ano, Deus nos direciona a um tema especial para meditarmos e aplicarmos em nossa jornada cristã. O tema de 2025 é “Celebração”, baseado no Salmo 126:3:
“Grandes coisas fez o Senhor por nós, por isso estamos alegres”.
Este versículo representa um cântico de louvor entoado pelo povo de Israel ao ser liberto do cativeiro babilônico. Para compreender a profundidade dessa celebração, é essencial entendermos o que o povo passou durante o cativeiro e o que aconteceu após a sua libertação. Foi nesse contexto que, ao estudar sobre o exílio, deparei-me com Ezequiel 37, uma passagem que nos ensina lições valiosas sobre esperança, restauração e a fidelidade de Deus.
Ezequiel: Um Profeta em Meio ao Cativeiro
Ezequiel era um profeta que, mesmo sendo cativo na Babilônia, manteve um relacionamento profundo com Deus. Sua vida nos ensina que nenhuma provação externa deve interromper nossa comunhão com o Senhor. O apóstolo Paulo reforça essa verdade em 2 Coríntios 4:16-18:
“Por isso não desanimamos; embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia. Pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.”
Ezequiel viveu essa realidade. Mesmo em meio à opressão e distância de sua terra natal, ele continuava ouvindo e obedecendo a voz de Deus. E uma das revelações mais impactantes que recebeu foi a visão do Vale de Ossos Secos.
A Visão do Vale de Ossos Secos e a Vontade Permissiva de Deus
O primeiro versículo de Ezequiel 37 traz um detalhe importante:
“Veio sobre mim a mão do Senhor, e ele me levou pelo Seu Espírito e me deixou no meio de um vale que estava cheio de ossos.”
(Ezequiel 37:1)
Aqui aprendemos que foi a própria mão de Deus que levou o profeta até um lugar desolado. Isso nos faz refletir que, muitas vezes, a vontade permissiva de Deus nos conduz a situações desconfortáveis. Foi exatamente isso que aconteceu com Israel ao ser levado ao cativeiro.
Contudo, estar no vale não significa ser abandonado por Deus. Mesmo no exílio, o povo continuou ouvindo a voz do Senhor, pois Ele levantou profetas para proclamar arrependimento, reconciliação e restauração. Como está escrito em 2 Crônicas 7:14:
“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”
A Esperança que Nasce do Vale
Outro aspecto essencial da visão de Ezequiel é que Deus fez o profeta andar no meio do vale para que ele constatasse que não havia vida ali. Então, Deus lhe perguntou:
“Filho do homem, poderão viver estes ossos?”
(Ezequiel 37:3)
O próprio povo de Israel, representado por esses ossos, havia perdido toda a esperança. Sentiam-se mortos espiritualmente e sem forças para crer na restauração. Mas Deus mostra a Ezequiel que Sua Palavra tem poder para transformar até a realidade mais desesperadora.
Quando o profeta profere a Palavra de Deus sobre os ossos, um barulho se inicia: os ossos começam a se juntar, nervos, carne e pele se formam. Mas, a princípio, eles continuam sem vida.
“E olhei, e eis que vieram nervos sobre eles, e cresceu a carne, e estendeu-se a pele sobre eles por cima; mas não havia neles espírito.”
(Ezequiel 37:8)
Essa parte da visão nos ensina algo profundo. Muitas vezes, Deus inicia um processo de restauração em nossa vida, mas aos nossos olhos parece que o milagre ainda está incompleto. A reconstrução não acontece de forma instantânea.
Da mesma forma, quando Israel foi liberto do cativeiro e voltou para sua terra, eles não encontraram uma cidade próspera e restaurada. Pelo contrário, Jerusalém estava em ruínas. Mas mesmo diante do caos, eles cantaram a canção de Salmos 126, porque confiavam na obra que Deus estava realizando.
A visão de Ezequiel nos lembra que Deus completa o que começou. Por isso, o próximo passo da visão é tão importante: Deus ordena que Ezequiel profetize ao Espírito para que traga vida aos corpos formados. E então, um grande exército se levanta.
“Porei em vocês o meu Espírito, e vocês viverão”
(Ezequiel 37:14).
Celebração Mesmo em Meio à Restauração
A relação entre Ezequiel 37 e Salmos 126 nos ensina que, mesmo quando a restauração parece incompleta aos nossos olhos, precisamos confiar e celebrar ao Senhor. Se Ele nos tirou do cativeiro, Ele também concluirá a obra.
Israel não celebrou apenas ao ver tudo reconstruído. Eles celebraram porque sabiam que Deus já havia iniciado o processo de restauração.
Que essa reflexão nos ensine a confiar no Senhor em todas as fases da nossa jornada. Mesmo quando ainda vê ruínas ao seu redor, celebre! Pois Deus está no controle, e grandes coisas Ele fará!